Não me chamem pelo nome
Quem é que abraça o meu corpoNa penumbra do meu leito?
Quem é que beija o meu rosto,Quem é que morde o meu peito?
Quem é que fala da morteDocemente ao meu ouvido?
- És tu, senhor dos meus olhosE sempre no meu sentido.
A tudo quanto me pedesPorque obedeço não sei:
Quiseste que eu cantassePus-me a cantar , e chorei.
Não me peças mais cançõesPorque a cantar vou sofrendo;
Sou como as velas do altarque dão luz e vão morrendo.
Não me chamem pelo nomeQue me deram ao nascer;
Sou como a folha caídaQue não chegou a viver.
Meus olhos que por alguémDeram lágrimas sem fim,
Já não choram por ninguém-Basta que chorem por mim.
O que é que a fonte murmura?O que é que a fonte dirá?
- Ai, amor, se houver ventura,Não me digas onde está.