Verde pino, verde mastro
Não há flor do verde pino que respondaA quem, como eu, dorme singela,O meu amigo anda no mar e eu já fui onda,Marinheira e aberta!
Pesa-me todo este corpo que é o meu,Represado, como água sem destino,Anda no mar o meu amigo, ó verde pinoÓ verde mastro da terra até ao céu!
Soubera eu do meu amigo,E não estivera só comigo!
Que onda redonda eu era para eleQuando, fagueiro, desejo nos levava,Ao lume de água e à flor da pelePelo tempo que mais tempo desdobrava!
E como, da perdida donzeliaMe arranquei para aquela tempestadeOnde se diz, duma vez, toda a verdade,Que é a um tempo, verdade e fantasia.
Soubera eu do meu amigo,E não estivera só comigo.
Que sou agora, ó verde pino, ó verde mastro,Aqui prantado e sem poderes largar?Na mágoa destes olhos, só um rastro,Da água verdadeira doutro mar.
Soubera eu enfim do meu amigo,E não estivera só comigo, em mim.