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Os meus olhos são uns olhos,e é com esses olhos unsque eu vejo no mundo escolhos,onde outros, com outros olhos,não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos, diz flores.De tudo o mesmo se diz.Onde uns vêem luto e doresuns outros descobrem coresdo mais formoso matiz.
Pelas ruas e estradasonde passa tanta gente,uns vêem pedras pisadas,mas outros, gnomos e fadasnum halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,querer ser depois ou ser antes.Cada um é seus caminhos.Onde Sancho vê moinhosD.Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.Vê gigantes? São gigantes.
António Gedeão/Miguel Ramos (fado Helena)