A carta
Não vá levar tudo tão a sérioSentindo que dá, deixa correrSe souber confiar no seu critérioNada a temerNão vá levar tudo tão na boaBrigue para obter o melhorSe errar por amor Deus abençoaSeja você
No que sua crença vacilouA flor da dúvida se abriuVou ler a carta que o Biel mandouPra você, lá do Brasil:
"Eles me disseram tanta asneira, disseram só besteiraFeito todo mundo diz.Eles me disseram que a coleira e um prato de raçãoEra tudo o que um cão sempre quisEles me trouxeram a ratoeira com um queijo de primeiraQue me, que me pegou pelo narizMe deram uma gaiola como casa, amarraram minhas asasE disseram para eu ser feliz
Mas como eu posso ser feliz num poleiro?Como eu posso ser feliz sem pular ?Mas como eu posso ser feliz num viveiro,Se ninguém pode ser feliz sem voar?
Ah, segurei o meu pranto para transformar em cantoE para meu espanto minha voz desfez os nósQue me apertavam tantoE já sem a corda no pescoço, sem as grades na janelaE sem o peso das algemas na mãoEu encontrei a chave dessa celaDevorei o meu problema e engoli a soluçãoAh, se todo o mundo pudesse saberComo é fácil viver fora dessa prisãoE descobrisse que a tristeza tem fimE a felicidade pode ser simples como um aperto de mãoEntendeu?
É esse o vírus que eu sugiro que você contraiaNa procura pela cura da loucura,Quem tiver cabeça dura vai morrer na praia."