O homem velho
O homem velho deixa a vida e morte para trásCabeça a prumo, segue rumo e nunca, nunca maisO grande espelho que é o mundo ousaria refletir os seus sinaisO homem velho é o rei dos animais
A solidão agora é sólida, uma pedra ao solAs linhas do destino nas mãos a mão apagouEle já tem a alma saturada de poesia, soul e rock'n'rollAs coisas migram e ele serve de farol
A carne, a arte arde, a tarde caiNo abismo das esquinasA brisa leve traz o olor fulgazDo sexo das meninas
Luz fria, seus cabelos têm tristeza de néonBelezas, dores e alegrias passam sem um somEu vejo o homem velho rindo numa curva do caminho de HebronE ao seu olhar tudo que é cor muda de tom
Os filhos, filmes, ditos, livros como um vendavalEspalham-no além da ilusão do seu ser pessoalMas ele dói e brilha único, indivíduo, maravilha sem igualJá tem coragem de saber que é imortal