Romance
Por noite velha, truz-truz,bateram à minha porta:- Donde vens, ó minha alma?-Venho morta, quase morta.
Já eu mal a conheciade tão mudada que vinha;trazia todas quebradassuas asas andorinha.
Mandei- lhe fazer a ceiado menlhor manjar que havia-Donde vens, ó minha amadaque já mal te conhecia?
Mas a minh' alma calada,olhava e não respondia;e nos seus formosos olhosquantas tristezas havia!
Mandei- lhe fazer a camada melhor roupa que tinha:>
- Dorme, dorme, ó minha alma,- dorme, e, para te embalar,a boca me está cantandocom vontade de chorar...