Manta para Dois
Às vezes és brutoRezingão, tosco, incultoUm insensível, um ingrato, um ruim
Rude e casmurroÉs teimoso como um burroMas no fundo és perfeito para mim
Às vezes também eu tenho o meu feitioE sei que levo tudo à minha frente
E por essas e por outrasQuase que nem damos contaDas vezes que, amuadosNo sofá refasteladosRepartimos a manta sem incidente
Às vezes és parvoGabarola, mal-criadoÉ preciso muita pachorra para tiCromo, chico-espertoPreguiçoso e incertoMas é certo que és perfeito para mim
Às vezes também sou curta de pavioE respondo sempre a tudo muito a quente
E por essas e por outrasQuase que nem damos contaDas vezes que, amuadosNo sofá refasteladosRepartimos a manta sem incidentes
Às vezes, concedoQue admiro em segredoTudo aquilo que não cantei sobre tiMas o que em ti me fascinaDava uma outra cantigaQue teria umas três horas praí
Às vezes também sou dada ao desvarioMas vem e passa tudo no repente
E por essas e por outrasQuase que nem damos contaDas vezes que, amuadosNo sofá refasteladosCom os pés entrelaçadosE narizes encostadosJá os dois bem enroladosBrutalmente apaixonadosRepartimos a manta sem incidentes