Antigamente
Antigamente,Era coito, a MourariaDaquela genteCondenada à revelia;O fado ameno,Canção das mais portuguesas,Era o venenoP’ra lhes matar as tristezas.
E a Mouraria,Mãe do fado doutras eras,Que foi ninho da severasQue foi bairro turbulentoPerdeu agoraTodo o aspecto de galdéria!Está mais limpa, está mais sériaMais fadista cem por cento.
Adeus tipóiasCom pilecas e guizeirasAdeus rambóiasE cafés de camareiras.Nada mais restaDa Moirama que deu bradoDo que a funestaLembrança do seu passado.
E a MourariaQue perdeu em tempos idosA nobreza dos sentidosE o pudor de uma virtudeConserva aindaToda a graça que ela tinhaAgarrada à capelinhaDa Senhora da Saúde