O Avesso dos Ponteiros
Sempre chega a hora da solidãoSempre chega a hora de arrumar o armárioSempre chega a hora do poeta a plêiade1Sempre chega a hora em que o camelo tem sede
O tempo passa e engraxa a gastura do sapatoNa pressa a gente não nota que a Lua muda de formatoPessoas passam por mim pra pegar o metrôConfundo a vida ser um longa-metragemO diretor segue seu destino de cortar as cenasE o velho vai ficando fraco esvaziando os frascosE já não vai mais ao cinema
Tudo passa e eu ainda ando pensando em vocêTudo passa e eu ainda ando pensando em você
Penso quando você partiuAssim... sem olhar pra trásComo um navio que vai ao longeE já nem se lembra do caisOs carros na minha frente vão indoE eu nunca sei pra ondeSerá que é lá que você se esconde?
Tudo passa e eu ainda ando pensando em vocêTudo passa e eu ainda ando pensando em você
A idade aponta na falha dos cabelosOutro mês aponta na folha do calendárioAs senhoras vão trocando o vestuárioAs meninas viram a página do diário
O tempo faz tudo valer a penaE nem o erro é desperdícioTudo cresce e o inícioDeixa de ser inícioE vai chegando ao meioAí começo a pensar que nada tem fim